terça-feira, 15 de novembro de 2011

Ficha de Leitura 1

Ficha de Leitura
Autora - Estela Gomes


1. Data da elaboração da ficha de leitura: 1 de Novembro de 2011

2. Fonte 

Autor: Álvaro Reis Figueira.

Título: Nova Ferramenta de Avaliação de Trabalho Colaborativo na Plataforma Moodle

Contexto: VII Simpósio Internacional de Informática Educativa

Ano: 2005

Páginas: 155 a 159

3. Breve resumo

O artigo analisado prende-se com a análise e proposta de uma ferramenta que permite a avaliação do trabalho de grupo na plataforma Moodle.

O trabalho colaborativo manifesta-se de grande importância para a prática pedagógica e, em particular, o trabalho de grupo revela-se um elemento importante na socialização dos estudantes o que terá benefícios notórios na atividade profissional futura ou presente dos mesmos; é uma constatação evidente que o trabalho de grupo motiva a aprendizagem dos alunos entre si e estimula a aquisição de competências ao nível da articulação e aplicação de conhecimentos, bem como o sentido de responsabilidade e importância social. O trabalho do docente fica mais simplificado pela redução de trabalhos a avaliar; no entanto, tal só se verifica se o professor detiver a sua atenção no produto final e não no processo de elaboração do mesmo. Consequentemente, a forma como o docente avalia o trabalho de grupo pode condicionar a aprendizagem e a forma como a avaliação é validada.

Existem sete formas mais representativas da avaliação do trabalho de grupo, de acordo com o Oxford Centre for Staff and Learning Development. Deteremos a atenção no método onde a nota atribuída ao trabalho pelo professor é multiplicada pelo número de elementos do grupo que negoceiam entre si quanto cabe a cada um. Existe ainda um ajuste a este método avaliativo em que o que se negoceia são os pontos obtidos por uma margem de manobra dada pelo professor.

A plataforma de Elearning Moodle foi concebida de forma a favorecer o trabalho colaborativo; para tal, foram criadas ferramentas tais como o chat, os fóruns, os dispositivos de criação de grupos, os wikis ou os workshops.

No entanto, o autor propõe uma nova ferramenta, a ser integrada nas já existentes, que possibilita ao professor a atribuição de uma nota de trabalho mas também a coordenação e a negociação de valores entre os elementos do grupo e a aprovação final do professor e posterior divulgação.

Os alunos têm uma fórmula que lhes permite o acesso a um conjunto de pontos que devem distribuir entre si da forma mais adequada:

Nota do Professor × Nº de elementos do grupo

As regras são claras para a distribuição desses pontos: Nenhum elemento pode ter menos de zero pontos, ou mais de 100 pontos e os pontos atribuídos aos elementos do grupo devem totalizar os pontos disponibilizados pela fórmula. Considera-se que a avaliação pelos pares manifesta um interesse especial no processo educativo. De ressalvar, a dificuldade em obter uma aproximação entre notas quando se utiliza métodos de avaliação diferentes.

4. Transcrição de citações relevantes

O trabalho colaborativo favorece diretamente o processo de aprendizagem. Efetivamente, os estudantes aprendem uns com os outros e beneficiam das atividades que requerem a articulação e aplicação dos conhecimentos. O trabalho de grupo cria uma ótima oportunidade para os estudantes refinarem as suas interpretações dos conteúdos transmitidos através da discussão com os seus pares. Cria também um sentido de responsabilidade e de importância social. (Figueira, 2005, página 155)


O trabalho de grupo ajuda a desenvolver capacidades normalmente procuradas pelos empregadores. Tem sido advogado nos últimos tempos que, para além do conhecimento específico de cada disciplina, o professor deve ajudar os estudantes a desenvolverem capacidades genéricas (soft skills) que a médio ou a longo prazo lhes serão úteis, enquanto novos membros de equipas e da sociedade em geral. Especificamente, as capacidades que o trabalho de grupo poderá ajudar a desenvolver são, entre outras: a adaptação à dinâmica de uma equipa; capacidade de liderança; interpretação crítica e avaliação do trabalho de outros; resolução de conflitos, flexibilidade, negociação e compromisso; criação de novos ritmos de trabalho. (Figueira, 2005, página 155)



O trabalho de grupo pode ajudar a reduzir a quantidade de trabalho docente ao reduzir o número de avaliações, classificações e auxílios em geral. Naturalmente que, grupos de vários estudantes criam uma situação em que o número de grupos é inferior ao número de estudantes e consequentemente, o número de trabalhos a avaliar pode ser bastante menor. Contudo, quando se pretende avaliar, não somente o “produto” gerado por um grupo, mas também o “processo” usado pelo grupo, então o trabalho poderá até aumentar. De qualquer modo, tendo sido previamente estabelecido um modelo de trabalho de grupo, com objetivos e processos bem definidos, geralmente o trabalho docente diminui. (Figueira, 2005, página 155)



Uma das questões mais importantes relacionadas com o trabalho de grupo é a possibilidade de a avaliação não ser capaz de aferir corretamente a contribuição individual de cada membro. Uma outra, é decidir se se pretende avaliar somente o produto produzido, ou também o processo. (Figueira, 2005, página 155)


Para que os benefícios decorrentes do trabalho de grupo se efetivem é necessário que os alunos percebam a importância do que estão a fazer (trabalho de grupo), se sintam seguros relativamente ao que deles se espera e acreditem nos métodos de avaliação a utilizar. A não ser assim, os benefícios educacionais poderão reduzir-se drasticamente, levando eventualmente ao surgimento de tensões e problemas. (Figueira, 2005, página 156)


Muitos docentes advogam que é necessário, não somente avaliar o produto de um grupo, mas também avaliar os processos decorrentes dessa prática de trabalho em grupo. Avaliar um processo de trabalho significa saber com detalhe de que forma um grupo se organiza, trabalha e interage. Significa, por exemplo, ter a noção concreta de que nível de interação entre os elementos do grupo, é que existe. Para dar resposta a este problema seria necessário que o professor/tutor fosse ele também um elemento ativo do grupo, ou então optar por saber a opinião de cada membro do grupo acerca dos outros. Esta última hipótese é a base da “avaliação entre pares”. (Figueira, 2005, página 156)


Este tipo de avaliação força cada aluno a ter a responsabilidade de fazer julgamentos acerca da qualidade tanto do seu trabalho como do de outros, levando a um conjunto de vantagens tais como: aumentar a autonomia do aprendente; aumentar os conhecimentos e autonomia do aluno; elevar o status do aluno de simples “aprendente” para “assessor” do professor/tutor; envolver os alunos numa reflexão crítica; demonstrar aos alunos os conceitos de subjetividade e de julgamento. (Figueira, 2005, página 156)


O Oxford Centre for Staff and Learning Development sugere que o trabalho de grupo em âmbito universitário seja avaliado numa de sete formas diferentes:

a) Todos os alunos recebem a mesma nota, e esta é a nota atribuída ao trabalho, pelo professor, por exemplo, 81%.

b) São dadas aos alunos tarefas diferentes e cada uma delas é avaliada independentemente.

c) A nota atribuída ao trabalho pelo professor é multiplicada pelo número de elementos do grupo que negoceiam entre si quanto cabe a cada um. Por exemplo, o trabalho de grupo recebe a classificação de 81 em 100, num grupo de 3 alunos; faz-se a multiplicação 81×3=243; então, existem 243 pontos a serem distribuídos pelos elementos do grupo tal que nenhum elemento pode ter menos de 0, nem nenhum pode ter mais de 100. Neste caso, as distribuições i) o alunoA81, o alunoB81, o alunoC81, e; ii) o alunoA92, alunoB71, o alunoC80, são exemplos perfeitamente admissíveis neste esquema.

d) Semelhantes à situação anterior mas, o que é negociado são os pontos obtidos por uma margem de manobra dada pelo professor. Por exemplo, os alunos recebem a nota do grupo, seja 81 em 100 e têm margem de manobra de 10 pontos. Neste caso, a distribuição alunoA81+5, alunoB81+1, alunoC81+4 é perfeitamente admissível.

e) Cada aluno recebe a nota do trabalho de grupo e depois recebe uma nota própria para uma tarefa específica.

f) Cada aluno recebe a nota do trabalho de grupo e depois recebe uma própria de acordo com o seu desempenho numa discussão com os seus colegas de grupo e com o professor.

g) Cada aluno recebe a nota do trabalho de grupo e a diferenciação é feita depois em situação de exame final, no qual existe uma pergunta relacionada com o trabalho de grupo. (Figueira, 2005, página, 156)


Essencialmente o sistema que desenvolvemos deve permitir ao professor atribuir uma nota ao trabalho de grupo, permitir também coordenar e suportar um sistema de negociação de valores (notas) entre os membros do grupo e, finalmente, após a aprovação final do professor, realizar a respetiva divulgação. (Figueira, 2005, página 157)


A nossa ferramenta baseia-se na avaliação do produto do trabalho de grupo, mas inclui também uma parte de avaliação pelos elementos do grupo. Consideramos que este tipo de “avaliação pelos pares” se reveste de especial importância no processo educativo. (Figueira, 2005, página 158)


5. Comentário pessoal

Este artigo é importante no processo de aprendizagem sobre a avaliação em elearning porque nos permite refletir sobre as possibilidades do trabalho colaborativo em ensino a distância e da importância da avaliação nestes contextos.

A avaliação de um trabalho de grupo não tem uma via única de solução mas todas as soluções possíveis não representam de forma alguma a proposta ideal. O trabalho colaborativo constitui por si só um risco que deve ser assumido pelos seus intervenientes malgrado a hipótese dos elementos que trabalham serem sempre prejudicados em relação aos elementos mais passivos.

O método proposto neste artigo para proceder à avaliação do trabalho de um grupo é uma proposta válida que se esforça no sentido de conseguir alguma isenção e de ter em linha de conta as diferentes opiniões dos vários intervenientes no processo de avaliação. Contudo, não foi ponderada a hipótese, que se verifica com muita frequência, da cobertura dos elementos mais fortes do grupo aos elementos menos ativos. Os estudantes tendem a evitar os confrontos que surgem de uma avaliação mais imparcial aos seus pares; se existem alunos que conseguem "separar as águas" e perceberem a opinião dos colegas e entender que determinadas falhas devem ser corrigidas para que a aprendizagem seja plena, outros há que pensam que os colegas têm o dever de os proteger e não disseminar a pouca qualidade de trabalho que exibem. Estes conflitos que são entendidos com serenidade por uns, nem sempre são bem resolvidos por outros e a comunicação entre colegas pode ser prejudicada e, por vezes o grupo turma pode ressentir-se de um clima pouco favorável no trabalho.

Como se referiu anteriormente, estas questões são difíceis de ser ultrapassadas pela inexistência do método perfeito; temos, contudo, de estimular outra postura por parte dos estudantes, mais responsável, mais reflexiva, mais social, mais madura, menos centrada no "eu" e mais centrada no "nós"…

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