quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Método de Recolha de Dados - A Entrevista (2ª Parte)


Segundo Carmo (2008), o inquérito por entrevista deve ser utilizado em certos contextos e evitado noutros. Deve ser utilizada nos casos em que o investigador não dispõe de informação disponível, ou em situações em que deseja comprovar as informações de que dispõe junto a fontes que lhe merecem confiança.
A entrevista é um recurso eficaz para recolher dados quando o tempo disponível não é muito e quando se entende que existem especialistas qualificados que podem corresponder ao desejado.
De qualquer forma, devemos ter em atenção que, ao selecionar um determinado tipo de informação, estamos a rejeitar outras igualmente fiáveis.

Segundo Madelaine Gravitz (1993), a classificação das entrevistas pode ser feita de acordo com o grau de liberdade dada ao entrevistado e o grau de profundidade da informação obtida. Assim sendo, podemos ter entrevistas dominantemente informais como a entrevista clínica ou a entrevista em profundidade; entrevistas mistas como a entrevista livre ou a entrevista centrada; entrevistas dominantemente formais como as entrevistas com perguntas fechadas e as entrevistas com perguntas fechadas.
Ainda segundo Carmo (2008), existem prós e contras no inquérito por entrevista e no inquérito por questionário.
Os prós podem ser sumariados nos seguintes pontos:
Nos inquéritos por entrevista – Flexibilidade quanto ao tempo de duração; adaptação a novas situações e a diversos tipos de entrevistados; a profundidade, dado que permite observar o entrevistado e colher informações íntimas ou de tipo confidencial.
Nos inquéritos por questionário – Sistematização; maior simplicidade de análise; maior rapidez na recolha e análise de dados; menos dispendioso.
Os contras podem ser sumariados nos seguintes pontos:
Nos inquéritos por entrevista – Requer uma maior especialização por parte do investigador; é mais dispendioso; gasta mais tempo.
Nos inquéritos por questionário – Dificuldades de conceção; não aplicável em toda a população; elevada taxa de não respostas.
No entanto, a classificação da entrevista depende muito do tipo de abordagem e do tipo de análise que desejamos tomar como ponto de partida.
Quanto ao número de sujeitos inquiridos distinguem-se os seguintes tipos de entrevistas:
Individual - quando o objetivo da entrevista se centra na vida de um indivíduo e tenta explorar o que de interesse pode existir na atividade profissional, no conjunto de interesses, no domínio do saber específico dominado pelo entrevistado.
Grupo - quando se pretende explorar um universo de opiniões, de atitudes ou de comportamentos; pode ser utilizado este processo de recolha de dados quando se pretende inferir sobre consensos ou divergências em relação a qualquer temática. Os assuntos de natureza pública também são alvo desta preferência de recolha de informação.
Social - um indivíduo, ou vários, pode(m) ser avaliado(s) por um ou mais entrevistadores de uma forma informal.
Painel - um indivíduo é entrevistado por várias pessoas em conjunto.
Relativamente aos temas em análise podemos classificar as entrevistas em:
Entrevista de controlo - entrevistas pós-experimentais que verificam a experiência efetuada dentro de um contexto, ou seja a entrevista não é a técnica de eleição, nem o instrumento.
Entrevista de Verificação - utilizada quando desejamos investigar qual a evolução de um determinado estudo.
Entrevista de Aprofundamento - utilizada quando pretendemos explicar algo que não é suficientemente claro.
Entrevista de Exploração - utilizada para desbravar um domínio ainda pouco conhecido.
Quanto à estruturação podemos classificar as entrevistas em:
Entrevista não estruturada ou aberta - o entrevistador propõe um tema que é discutido entre os dois intervenientes como se de um diálogo informal se tratasse. Embora possua a vantagem das questões poderem ser individualizadas e surgirem sem um guião muito rigoroso, tem a desvantagem de necessitar de muitas competências e prática por parte do entrevistador.
Entrevista Semi- Estruturada - caracteriza-se por existir um guião que serve de orientação ao longo da realização da entrevista, embora a flexibilidade na forma como as questões são colocadas seja a marca dominante. Evidencia-se ainda uma grande adaptação do entrevistador ao perfil do entrevistado. Embora permita uma considerável otimização do tempo disponibilizado e permita a seleção das temáticas a aprofundar, ainda assim é necessária uma boa preparação por parte do entrevistador.
Entrevista Estruturada - Este tipo de entrevista é caracterizada pelas questões fechadas com o objetivo de recolher dados sobre a amostra. O guião de entrevista é escrupulosamente seguido, sendo a avaliação das respostas muito reduzida durante a entrevista. Assumem a vantagem de serem de mais fácil análise e tratamento posterior e permitem a replicação posterior; no entanto, reduzem a espontaneidade do entrevistado e do entrevistador, não permitem o aprofundamento de pontos que vão surgindo ao longo da entrevista e não tem em linha de conta as circunstâncias pessoais.

Referências Bibliográficas

Carmo, H. (2008) “Metodologia da Investigação – Guia da Autoaprendizagem”, Lisboa, 2ªedição, UAB.
Grawitz, M. (1993) “Méthodes des Ciences Sociales”, Paris, Dalloz, 9ª edição.
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