sábado, 14 de maio de 2011

O que é uma sociedade em rede?





" (...) redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos (por exemplo, valores ou objectivos de desempenho). Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico susceptível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio" (Castells, 1999:499)
Vivemos numa sociedade onde a tecnologia, a informatização, o conceito de globalização, colocam o conhecimento num patamar privilegiado onde o saber representa poder e é fonte de prestígio; observamos profundas alterações na organização do trabalho e, se no modelo taylorista, característico da sociedade industrial, a metodologia do trabalho reflectia uma rígida repartição de tarefas, uma violenta hierarquização e em que a partição entre trabalho intelectual e trabalho manual era pungente, já no paradigma informacional, característico das sociedades baseadas no conhecimento, o enfoque é colocado na capacidade de mudar rapidamente de funções assistindo-se a uma reorganização dos sistemas de valores que condicionam as relações sociais, o processo educativo, a noção de produtividade, o valor do capital humano.
Castells apresenta como característica importante da sociedade da informação a lógica de uma estrutura básica de redes, redes essas formadas em torno de empresas, organizações e instituições, formando um novo paradigma formatado em função da tecnologia e que representa o pilar da sociedade da sociedade onde verificamos que a informação é a matéria-prima, onde a tecnologia se introduz em todas as actividades e onde, finalmente, existe uma interdependência entre a micro electrónica e a biologia.
 “O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.” (Lévy, 1999, p.17)
A sociedade em rede é analisada por Lévy, “cibercultura”, sendo este o espaço onde se trocam interacções potenciadas pela realidade virtual e que surge a partir de uma cultura informática. As pessoas vivenciam uma nova relação espaço-tempo quando mergulham na virtualidade e Lévy utiliza a analogia da “rede” para explicar a formação de uma “inteligência colectiva”. Não é possível ignorar o impacto das tecnologias na vida humana nem na vida em sociedade; são novas linguagens, novos usos, novas percepções, novas identidades, novas simbologias que se emaranham numa rede que apanha na sua malha famílias, amizades, interacções laborais, fenómenos económicos, movimentações sociais…
Resta saber a serviço de quem se encontram as tecnologias? Que mudanças nos impõem e quem domina quem? Que valores se alteram numa sucessão de relações mediadas pelas máquinas?
Lévy aponta o computador como uma nova ferramenta de experiência e pensamento. Embora saibamos que o universo digital é composto por um sistema de código binário, é a partir da internet, com as suas múltiplas potencialidades e ferramentas, que muitas das nossas experiências são vivenciadas. Podemos falar de uma cultura comunitária virtual formada por todas as pessoas que utilizam a rede e é nesse espaço cultural que os indivíduos experienciam potencialidades em que a escrita, a leitura, a música, as imagens assumem novas configurações e é nesse espaço virtual em que emerge um novo conceito de sociabilidade.

Nota: Este trabalho foi realizado no âmbito da unidade curricular Educação e Sociedade em rede do Mestrado em Pedagogia em Elearning da Universidade Aberta.
Referências bibliográficas:
Castells, Manuel. A sociedade em rede. S.Paulo: Paz e Terra, 1999
Lévy, P. "Cibercultura", S.Paulo, 1999

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